Você conhecia o recordista mundial em produtividade de trigo de Cristalina (GO)?
- Giovani Canedo
- 5 de jun. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jun. de 2022
Quebrando o recorde mundial de produtividade diário ao colher, em setembro de 2021, 9.630 kg de trigo por hectare - o correspondente a 160,5 sacas ou 80,9 kg - em área irrigada de 51 hectares, em Cristalina, o produtor rural passa o seu segredo: "Tem que ter paixão pela cultura, manejo apurado e muita tecnologia", aponta o recordista Paulo Bonato.
Checando os dados da sua produtividade, vemos que na Europa há produtores que conseguem mais de 160 sacas por hectare, sim. No entanto, há uma diferença: lá a cultura fica adormecida por conta das condições edafoclimáticas e somente com 300 dias após o plantio que tem-se a colheita. Aqui no centro-oeste, contudo, o trigo para a segunda safra, tem ciclo de 100 a 110 dias - onde logo percebemos algumas vantagens como uso otimizado do solo de produção e menor demanda de água e mão-de-obra.
Para se ter noção sobre o cálculo dos custos de produção de uma lavoura de grãos, olhando os números apresentados pelo Deral/Seab (2021), para produzir 55 sacas de soja por hectare ou, 120/130 sacas por alqueire - o que é uma boa produtividade - os custos são de cerca de R$ 90,00/saca e venda de R$ 150,00 a R$ 160 a saca. Por outro lado, o trigo é o que ainda surpreende mais: para obter produção de 48 sacas/hectare, ou, 120 sacas/alqueire, o valor chega aos R$ 111,00.
Quanto ao milho, para produzir 140 sacas/hectare, ou 350 sacas/alqueire, o que também é considerada uma boa produtividade, os custos chegam a R$ 48,00/saca, que está sendo comercializada de R$ 90,00 a R$ 100. Por fim, com relação ao feijão, para produzir 30 sacas/hectare, os custos chegam a R$ 158,00/saca.
Vale salientar que o mesmo produtor já era o recordista mundial de produção de trigo por hectare/dia. Com uma produção de 8.544 kg/ha, em setembro de 2020 - isto é 74,9 kg/ha/dia, ou 142,4 sc/ha - a área plantada da cultivar BRS 264 foi de 50,8 hectares, sob pivô central de irrigação, mostra a Embrapa. Neste ano, o agricultor dividiu um pivô em duas áreas de 51 hectares: em uma, plantou a mesma BRS 264, que lhe garantiu o recorde, e na outra usou a BRS 254, que produziu 147,5 sacas por hectare - produtividade já maior do que a obtida por ele na safra passada.
O recorde só nos mostra o potencial que tem o trigo no Cerrado - favorecendo a cultura com noites frias, dias quentes e umidade baixa.
Tratando de um custo de produção voltado, em média, a sete mil reais por hectar, e a incidência de brusone ainda na fase inicial de desenvolvimento do trigo que marcou a safra 2019 no Cerrado, o controle dessa doença (a mais desafiadora da cultura) deve ser preventivo.
Como sabemos, é a chuva que forma o molhamento necessário para iniciar a infecção de brusone na lavoura. Pensando em anos com condições climáticas favoráveis à sua proliferação, a primeira aplicação de fungicida deve ocorrer logo no início do espigamento - com repetição a cada 12 dias. Não esquecendo da macha amarela (Drechslera tritici-repentis) e a mancha marrom (Bipolaris sorokiniana), as duas manchas foliares mais importantes do trigo.
Por essas e por outras, uma possível ação da Embrapa para atrair novos produtores de trigo foi desenvolver alguns programas para assistência técnica no abastecimento da base de dados que devem ser conhecidos. A exemplo disso é a ferramenta Pic-a-Wheat-Field - “fotografe um campo de trigo”, em tradução direta.
Leia nossa próxima publicação: Danos do percevejo marrom na soja e sua forma de controle
pessoal do grupo está de parabéns
👏👏👏
Sucesso para você
Parabens, menino. Escreve bem!
Um ótimo levantamento dos dados, parabéns